quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
- A exatamente 2 anos e meio eu conheci uma
garota. Eu com 18 e ela com 14. Foi simples, não teve nada a ver com
destino, penso eu. Pedi uma colega em comum para que me apresentasse a
ela, e ela pediu apenas o meu orkut (era orkut na época, rs). Eu fiquei
dias esperando, e nada de um sinal dela. Passou algumas semanas, e no
dia 19 de janeiro de 2010 eu vi ela com
as amigas em uma festa. Criei coragem e fui falar com ela. Ela, claro,
já sabia de mim. A conversa fluiu tão calma, tão doce, tão macia que
parecia que não era eu que estava ali. Ficamos mais ou menos 3 horas
conversando sem parar, e a mãe dela chegou pra buscá-la. Eu a adicionei
no msn e se passasse um dia sem conversar com ela, eu ficava louco, sim,
louco. Louco de preocupação. No dia 30 desse mesmo mês, eu a beijei
pela primeira vez. Foi a coisa mais alucinante e natural que eu já vivi.
Ela era tão tímida que eu queria ficar agarrado a ela o tempo inteiro.
Continuamos ficando e nada de namoro, só propus ficarmos sério. Erro
meu. 5 de junho. A princesa completaria 15 anos, e com surpresa recebi o
convite pra ser o príncipe na festa dela. Foi esquisito, falando sério,
rs. Todo mundo ficou olhando, aplaudindo, gritando e ela toda fofa com
as bochechas rosadas de vergonha. Depois da valsa eu a puxei pra dançar e
ela parecia estar nas nuvens, parecia uma princesa. No final do mês,
ela me viu conversando com a minha ex e decidiu simplesmente se afastar
de mim, pensando que eu ainda estaria com ela. Mas não, naquele dia eu
tinha feito uma coisa que eu nunca imaginei que faria: estava
dispensando a garota mais gata da minha roda de amigos. Tudo isso sabe
para que? Para pedir a minha princesa em namoro! Ela não me atendia, não
falava comigo nas redes sociais, e eu maluco, perdido de saudade. No
dia 30 de julho é costume ter uma festa no Clube Náutico, que é afastado
pra caramba da cidade e é hábito a maioria das pessoas da região irem
pra lá. Eu mandei um sms pra ela dizendo que iria e que precisava muito
que ela fosse pra gente ter uma conversa. Ela só me respondeu “tudo bem,
Felipe”. Bastou essa resposta pra eu me encher de pensamentos, de
ilusões, de imaginações, e o pior de tudo, ansiedade. Chegou o tão
esperado dia e eu e meus colegas começamos a beber desde cedo. Quando
deu no final da tarde pegamos o carro do pai do meu amigo e fomos em
direção ao Náutico, tudo certo, tudo tranquilo, eu só precisava chegar
vivo até lá pra eu ver aquelas bochechas rosadas de novo. Faltava pouco.
O Yago, de tão sedento de álcool, parou no caminho pra comprar mais
garrafas de Big Apple, e continuou dirigindo, com as garrafas nas mãos.
Eu não tava gostando daquilo e pedi as garrafas, ele me ignorou e virou
pra trás pra tirar sarro do Bruno que não bebia e eu só me vi batendo no
vidro da frente e caindo de fora do carro. Mais nada. 3 meses em coma. 3
meses sem saber de nada. Não, você não tem ideia do que é isso. É a
pior sensação do mundo. Querer e não poder. Tive que ir para um hospital
de outra cidade com melhor sofisticação. Quando acordei e olhei a minha
volta, eu não sabia o que pensar. Eu não podia me mexer, só olhava
aquele quarto com varias rosas, cartões, presentes, várias pessoas
torcendo por mim. Eu chorei, sim, eu chorei. Eu não sabia o que sentir.
Acordei mais velho, passei o meu aniversário dormindo. Eu tinha 19 anos e
tinha acabado de receber a notícia que tive traumatismo craniano. Não é
pra qualquer um. Tive alta semanas depois e no mesmo dia que cheguei em
casa fui recebido com uma festa só pra mim. Vi pessoas que não via a
tempos, mas procurei só uma, e não a vi. Na outra semana, numa quinta
feira a noite, ela veio até a minha casa. A minha vontade era abraçá-la,
apertá-la, beijá-la, tocá-la, mas o meu corpo me impedia, eu estava
deitado, custando a me mexer. Quando ela me viu, ela andou mais depressa
pra me abraçar, ficou algum tempo agarrada a mim e quando me soltou, vi
os olhos vermelhos e molhados combinando com as bochechas rosadas,
aquelas bochechas tão minhas. Fiquei mostrando os machucados pra ela,
mostrei que eu conseguia mexer a minha perna direita e quando vi que ela
não estava mais prestando atenção, olhei pra onde ela olhava. A minha
ex tinha chegado. Eu não tava nem aí. Puxei a mão dela, e dei meu melhor
sorriso, falando com os meus olhos. Ela viu a cumplicidade que existia
entre a gente, e me beijou a testa. Disse que estava tarde e voltava
depois. Mas não, ela nunca mais voltou. Passou meses, e nada dela.
Continuei refazendo a minha vida, comecei a fazer fisioterapia, descobri
que ainda podia tocar guitarra, descobri que ainda podia andar, comecei
a sair mais frequentemente, comecei a perceber o vazio que tava
crescendo dentro de mim. No dia 27 de julho de 2011, fui chamado pra uma
festa de 15 anos, e eu fui, só para me lembrar dos tempos antigos que
prefiro nem comentar. Cheguei tarde na festa, com o Thiago me ajudando a
andar, mesmo que eu tivesse o andador. Quando olhei pra pista de dança,
quase nem acreditei. Parei atrás dela e cutuquei o seu ombro. Ela se
virou e eu não pude deixar de perceber que ela ainda gostava de mim. Os
olhos dela brilhavam, o sorriso estampado na boca, e eu só querendo um
abraço daquela princesa. Ela leu os meus pensamentos e me abraçou tão
forte que eu gemi, e ela me soltou pedindo desculpas, rindo junto
comigo. Nos sentamos pra conversar, colocamos o papo em dia e tiramos o
atraso da conversa. Como no mesmo dia em que conversamos pela primeira
vez, a mãe dela chegou pra levá-la. Eu só pedi pra ela não sumir e
recebi um longo beijo na testa. Depois desse dia, eu não parava de
pensar nela, queria de todo jeito encontrar com ela e até pensei em ir
na sua casa, mas todos falavam que seria inconveniente e os caralho a 4.
Mas mesmo assim não parei de pensar, de querer, de desejar. No dia 26
de setembro, iria ter campeonato de skate e toda a galera ia, e eu sem
pensar, fui. Me sentei pra ver as categorias, e tava super vidrado com
aqueles moleques fazendo coisas que eu fazia anos atrás. Não vou nem
falar quem chegou na minha frente, porque você já sabe, rs. Eu deixei
cair minhas muletas de tão surpreso que eu fiquei. Ela me deu aquele
abraço apertado e dessa vez eu retribuí. Vi que vinha um cara atrás
dela, e ela logo se apressou pra me apresentar pra ele, mas era em vão, a
gente já se conhecia. Apertei a mão dele e ficamos conversando,
contando as últimas notícias. Não o via fazia tempo, desde quando
desmontamos nossa bandinha de porão. Perguntei ele da bateria e nem ouvi
a resposta, fiquei olhando ela. Eu não podia acreditar. Ela tava de mão
dadas com ele, encostada nele, e eu, tolo, não tinha percebido. É claro
que ela tinha continuado a vida dela, quem iria esperar por um cara que
teve traumatismo craniano não é? Falei que precisava sair e nem voltei,
fui direto pra casa. Não conseguia pensar em mais nada, eu tinha
perdido ela. O Thiago mais tarde apareceu lá no meu quarto, querendo
saber por que minha mãe tava preocupada com a minha falta de fome
daquela noite. Falei, contei, desabafei tudo com ele. E ele só olhava
pro chão. Eu perguntei o que era e ele tossiu. “Fill, aquela menina
ainda te curte, naquela festa que você viu ela, eu conversei com ela
também quando ela foi no banheiro. Contei tudo que você tava passando e
sabe o que ela fez? Chorou, Fill. Chorou igual uma criança. Ela me falou
que iria até o inferno pra ver você, mas que tava cansada de sofrer,
cansada de pensar que você e a sua ex nunca se separaram, cansada de ter
o coração partido. Ela simplesmente decidiu tentar esquecer. E tem
mais: dá pra ver o jeito que vocês se olham. Ela só pensa que você nunca
esteve nem aí pra ela”. Eu fiquei calado triturando tudo aquilo dentro
de mim, e eu não podia fazer nada, não queria estragar o seu
relacionamento, não queria estragar o recomeço dela. E até hoje ela vive
lá, e eu aqui. Eu pensando nela e ela pensando em mim. Por isso eu te
digo uma coisa pra você que aguentou ler até aqui. Pensa bem antes de
deixar a mulher da sua vida ir embora, pensa bem antes de colocar o
orgulho em primeiro lugar, pensa bem antes de não tentar. Eu não me
arrisquei, não falei enquanto podia, não acreditei e olha só no buraco
em que eu me meti. Então faça hoje, busque hoje, corra atrás hoje,
desabafe hoje, não fique remoendo ansiedades e agonias antes do próprio
tempo. Antes de mais nada, conquiste a sua felicidade.”
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