quarta-feira, 13 de março de 2013

É fácil amar o outro na mesa de bar , quando o papo é leve , o riso é farto , & o chope é gelado. É fácil amar o outro nas férias de verão , no churrasco de domingo , nas festas agendadas no calendário do 'de vez em quando'. Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. & entende tudo errado. & paralisa. & se vitimiza. & perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Difícil amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já foram embora. Quando as cortinas se abrem & ele não vê mais ninguém na plateia. Quando o seu pedido de ajuda , verbalizado ou não , exige que a gente saia do nosso egoísmo , do nosso sossego , da nossa rigidez , do nosso faz-de-conta , para caminhar humanamente ao seu encontro. Difícil é amar quem não está se amando. Mas esse talvez seja , sim , o tempo em que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na existência de botões , alavancas , recursos afins , que façam as dores mais abissais desaparecerem , nos tempos mais devastadores , por pura mágica. Mas eu acredito na fé , na vontade essencial de transformação , no gesto aliado à vontade , & , especialmente , no amor que recebemo s, nas temporadas difíceis , de quem não desiste da gente.

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