— O tempo de agosto , diz minha mãe .

- A gosto de que ? De quem ? & ela ainda diz mais : agosto é tempo de desastres & derrotas , de seca & queimadas . Agosto é terrível . A gosto de quem o tempo permitiu isso ? Eu me pergunto agora . Agosto é tempo dos pais , outra merda . Me lembra putas , bares & cheiro de cerveja . A gosto de quem agosto traz tantas memórias ? O tempo , o maior filho da puta que já existiu , eterniza o segundo mais tenebroso & torna efêmero o dia mais límpido & puro. Agosto de quem ? Agosto precisa me pertencer , meu mundo precisa de uma reviravolta . Reviravolta , repito . Não quero dar a volta & voltar para a decadência. A primavera vem em setembro, mas a meu gosto, as flores florescerão agora . Agosto é tempo de ruína , ainda diz minha mãe . Quem foi o desgraçado que rogou essa maldição ? A vagabunda da cartomante que diz ver o futuro ? Ou a dissimulada da cigana que insiste em ler minha mão ? Agosto é o meu tempo & fim . A gosto de quem ? Ao meu gosto , porque eu to querendo fazer a mudança acontecer . & vai ser em agosto . 04 de agosto .