sábado, 17 de maio de 2014
— Érico Veríssimo .
- Se naquele instante - refletiu Eugênio - caísse na Terra um habitante de Marte , havia de ficar embasbacado ao verificar que num dia tão maravilhosamente belo & macio , de sol tão dourado , os homens em sua maioria estavam metidos em escritórios , oficinas , fábricas . . & se perguntasse a qualquer um deles : “Homem , por que trabalhas com tanta fúria durante todas as horas de sol ?” - ouviria esta resposta singular : “Para ganhar a vida” . & no entanto a vida ali estava a se oferecer toda , numa gratuidade milagrosa . Os homens viviam tão ofuscados por desejos ambiciosos que nem sequer davam por ela . Nem com todas as conquistas da inteligência tinham descoberto um meio de trabalhar menos & viver mais . Agitavam-se na Terra & não se conheciam uns aos outros , não se amavam como deviam . A competição os transformava em inimigos . & havia muitos séculos , tinham crucificado um profeta que se esforçava por lhes mostrar que eles eram irmãos , apenas & sempre irmãos .
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